Jornadas de Engenharia Civil da RAM

As Jornadas de Engenharia Civil da Madeira, organizadas pela Região Madeira, tinham como missão promover a reflexão sobre vários temas, desde a crise da habitação, passando pela necessidade de reabilitar o património edificado, tanto público como privado, bem como soluções para a reabilitação de obras de arte. Falou-se das Obras de relevância em curso na Região, abordando igualmente os benefícios da aposta em inovação e novas tecnologias em prol da eficiência, eficácia e da Sustentabilidade. Temas estes que destacaram o papel da engenharia civil na RAM, mas também da falta de profissionais, da necessidade formar novos engenheiros e atrair jovens para a profissão.

Crise Habitacional 

Pedro Fino, do Governo Regional, apontou a construção de habitações a custos controlados como solução para mitigar a crise habitacional, agravada pela escassez de oferta e aumento dos preços. Patrícia Serrado, coordenadora do Colégio Regional de Civil sugeriu a reabilitação de edifícios degradados para aumentar a oferta de habitação sem impactar negativamente o ambiente.

Reabilitação 

A reabilitação de património é crucial para preservar o valor histórico e cultural dos edifícios. Exemplos incluem a recuperação da Quinta do Monte para albergar o Museu do Romantismo, abordada por Francisco Jesus (Socicorreia) e a aplicação de proteção catódica em estruturas como as cabeceiras do aeroporto, uma solução que pode ser replicada em pontes e viadutos. A remodelação da Central Hidroelétrica da Serra de Água, a maior obra PRR em curso na Região, trazida por Fábio Santos (EEM) ilustra o contributo da engenharia civil para o aumento da eficiência hídrica e energética.

Qualidade e Segurança 

O uso de normas técnicas rigorosas e tecnologias avançadas asseguram a execução precisa e eficiente dos projetos. A construção do novo Hospital Central e Universitário da Madeira, o maior investimento público em Portugal, ilustram essa abordagem.

Inovação e Tecnologia 

A integração de tecnologias como a inteligência artificial (IA) e a digitalização está transformando a conceção e execução de projetos. O docente João Gomes Ferreira (IST) e Laura Esteves (Teixeira Duarte) mostraram-se convictos de que o digital aumentará a eficiência, e qualidade, bem como reduzirá prazos e erros nos projetos. O catedrático defendeu ainda a reformulação dos cursos de engenharia, no sentido de uma maior especialização na era digital.

Humberto Varum, presidente do Conselho Nacional de Civil, reforçou o papel dos engenheiros na redução da vulnerabilidade dos edifícios antigos na diminuição de perdas patrimoniais e humanas, destacando a exposição de Portugal a grandes eventos de risco climático e sísmico.

Bento Aires, Presidente da OE Região Norte apresentou o Simplex Urbanístico instrumento destinado à simplificação na área do urbanismo e ordenamento do território, tendo referido os desafios e responsabilidades associados ao diploma e que o processo se desenvolve em cinco fases até 2030.

A escassez de profissionais qualificados é um desafio. Paulo Lobo, docente da UMa, destacou a necessidade de modernizar os cursos de engenharia e melhorar a comunicação para atrair mais jovens. Condições de trabalho pouco competitivas são barreiras ainda a superar.

Miguel Branco, Presidente da RMOE, enfatizou a necessidade de mais mulheres na engenharia, com apenas 19% dos engenheiros na Madeira sendo mulheres. A Ordem dos Engenheiros dedica 2024 à igualdade de gênero na engenharia.

As jornadas identificaram os principais desafios do setor: superar a escassez de profissionais qualificados e adaptar-se às novas exigências ambientais e tecnológicas.

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